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Eu avisei
A redução de despesa, que hoje foi anunciada pelo Estado, já tinha sido prevista e avisada neste blog.
A estratégia de Sócrates (e do PS)
José Sócrates (1) faz e (2) resiste.
1. José Sócrates faz (não exaustivo):
- Lançou as parafarmácias oferecendo conveniência, há muito disponível no estrangeiro, que estava vedada aos portugueses;
- Lançou o simplex com resultados expressivos e sentidos pela população p. ex ao criar uma empresa ou ao pedir o cartão do cidadão;
- Aliviou a Segurança Social atrasando a idade de reforma sem contestação popular;
- Tirou a Manuela Moura Guedes da televisão;
- Lançou as obras do TGV em plena crise económica;
- Liderou a despenalização do aborto e a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
2. José Sócrates resiste (não exaustivo):
- Resistiu à polémica em torno do seu curso superior;
- Resistiu à polémica em torno da (irregular) utilização desse curso para assinar projectos;
- Resistiu ao escândalo do Freeport;
- Resistiu ao escândalo PT-TVI.
O PSD ultrapassou o PS nas sondagens. Muitos celebram. Isso não aflige Sócrates que não tem planos para se recandidatar. Cumprir dois mandatos completos e sair “em beleza”, chega perfeitamente para lhe permitir uma prestigiante carreira internacional. Liberalizador do aborto e do casamento homossexual. Visionário das energias renováveis. Campeão do controlo das contas públicas.
Se Sócrates chegar ao fim do mandato, a posição do PS nas sondagens é problema do seu sucessor no partido, não dele.
Até ao fim do mandato, Sócrates não faz questão de ser popular. Vai concentrar-se em continuar a fazer e continuar a resistir. Vai dirigir toda a sua energia para reduzir o défice e vai cumprir os objectivos com que se comprometeu, ganhando prestígio internacional.
Mais, vai fazê-lo ao estilo do PSD reduzindo a despesa do Estado. Não por achar que é o caminho mais certo mas sobretudo para desarmar o adversário. Quem aguentou a contestação dos professores já parte calejado para enfrentar o protesto popular que se adivinha.
No que depender de Sócrates, o PSD não vai ter pretexto para censurar e fazer cair o Governo. Já se viu, no tema das SCUT, que o Governo está preparado para ter máxima flexibilidade negocial. O PSD poderá cantar vitória em muitas batalhas negociais mas não terá facilidade em antecipar eleições.
Ao longo do mandato o PSD ficará “colado” a muitas medidas impopulares, que apoiará e promoverá, enquanto o futuro secretário-geral do PS e futuro candidato a Primeiro Ministro aguarda, resguardado, pelo momento certo para liderar a “contestação” interna (no PS) a Sócrates e demarcar-se publicamente do choque pesado, mas necessário, que entretanto Governo e PSD tiverem que infligir à população.